Adeus Roma! Gratidão

3º Jornal de Reciclagem 2012

Roma, 7 de Agosto de 2012

 “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Ap. 3,20)


Queridas Irmãs,

Já estamos no final do encontro, que pena! Temos logo que partir. Estamos felizes ao chegar a porta da síntese e depararmo-nos com ela aberta, pois Jesus já estava lá. Que alegria poder desfrutar o gozo  de estar à mesa e cear com Ele! Na profundidade da intimidade deste encontro fecundo, pudemos sintetizar, reconstruir, recriar, refazer, todo o experienciado, um momento de firmar como mulheres consagradas de esperança, geradoras de vida e história. Pertencemos a uma Congregação que está viva, dando significado e fazendo sua diferença no mundo.
Fomos convidadas através do canto, sinal de amor: “Você tem que se atrever a viver de modo diferente, encher os olhos de amor, semear cada dia e verá como o mundo muda, quando, sem temor você abrir sua porta. Mantenha sua Luz acesa, por menor que seja. »
Iniciamos nosso retiro no dia 03 à noite. Contamos com a oração de todas e desde já agradecemos.
Gostaríamos de partilhar nossos últimos dias de experiências vividas e visitas significativas.
História  e perspectiva

O dia 26 de julho foi um dia todo especial. Com muito entusiasmo nos dispusemos a descobrir com Susana, a História da Congregação. Ela começa lembrando o testemunho de amor e de entrega à Congregação de Françoise Pernot que se sentiu motivada a recolher e organizar todos os documentos a fim de facilitar o trabalho de pesquisa sobre a Congregação. Susana manifestou o desejo de que aquilo que iríamos fazer fosse uma homenagem ela e que esse trabalho começado possa ter continuidade.
Com um espírito otimista e a partir de nossa realidade, vimos o que foi nossa história nesses 50 últimos anos. Iluminadas pela Palavra de Deus no livro de Sirac, o Sábio, 42, 5-25 fizemos memória da história e encontramos alguns elementos que nos ajudaram a analisar experiências vividas.
Percebemos que hoje mais do que nunca, temos necessidade de um olhar contemplativo, mais profundo que nos ajude a descobrir os critérios de Deus em nossa história e na história da Congregação.
Refletimos individualmente sobre esta frase de Eduardo Galeano : «  A história é como uma noiva adormecida, ela se desperta quando é contada de novo ».
À luz desta reflexão, relembramos nossa história desde que ingressamos na Congregação e analisamos os fatos e acontecimentos que nos marcaram.
Com a ajuda dos documentos apresentados pelas províncias, nos diferentes Capítulos Gerais vimos a evolução da Congregação no decorrer dos últimos 50 anos. A riqueza que descobrimos nos permitiu ver e situar nossas histórias pessoais e da Congregação, naquela do pós-Concílio nos seguintes aspectos :
+  Volta ao Evangelho de Jesus Cristo
+  Volta às fontes
+  Adaptação ativa às mudanças de nosso tempo.
Considerando esta perspectiva, a história « é uma profetisa com um olhar voltado para trás vendo o que ela foi, anuncia o que será ». Eduardo Galeano
De tudo isso tiramos a seguinte conclusão: a história não se constrói sozinha, é uma responsabilidade e um compromisso de todas.

Agradecemos muito a Susana de ter-nos ajudado a conhecer melhor nossa história enquanto Congregação e aguçar nossa sensibilidade para continuarmos construir a história de uma forma entusiasmada na perspectiva de um mundo melhor e sermos mais missionárias comprometidas com a vida.
Vida  religiosa  eco-feminista

Nosso último tema da reciclagem, Vida religiosa eco- feminista, foi animado por Irmã Marie José, Carmelita Missionária Teresiana, de nacionalidade espanhola.

Minha Biografia

Ela nos introduz o tema com um canto de Enrique Iglesias e nos convida a relatar nossa experiência de vida religiosa dos últimos anos a partir de :

 Imaginários: Aquilo com que sonhamos
 Sentido : Motivações  profundas
 Horizontes : Objetivos
A experiência foi enriquecedora. Relembramos na mente e no coração todos os momentos vividos com a certeza de que Deus nos acompanhou nesta caminhada.
Para encerrar este momento criamos um símbolo, que nos define como mulheres consagradas. Partilhamos em grupo e expressamos os sentimentos que brotaram. A criatividade e o significado profundo de cada grupo estavam bem presentes.  

Estar com o coração em todas as coisas
Este título nos acompanhou ao longo deste segundo dia, podendo ver a maneira com a qual Deus está conosco. Ele está em TUDO. Fomos convidadas a viver este momento de nossa vida, pois tudo é ocasião de encontro. Numa consciência permanente, tenhamos presente estes quatro verbos :
• Estar  atenta: estar  presente
• Conhecer: contemplar, descobrir aquilo que está além do que se vê.
• Ascentir: dizer SIM
• Consentir: envolver-se, comprometer-se

Foi com este olhar que fomos convidadas a contemplar os dois belos ícones: a unção de Betânia (Jo 12, 1-8) e o lava pés (Jo 13, 1-15). Nos dois ícones percebemos e contemplamos numerosos símbolos que nos remeteram aos votos: serviço, acolhida, inclinar-se para o outro, deixar-se tocar, espalhar o perfume. 

Obediência, escutar como Jesus
As frases  que nos acompanham  neste voto são:
• Deixe-a!
• Compreendem o que fiz com vocês ?

A obediência é um voto que devemos recriar cada dia, para poder ESCUTAR aquilo que Deus diz na sua Palavra e nas palavras. Maria José insiste dizendo que obedecer não é apenas escutar, mas é escutar para fazer.
Então... O que significa obedecer? Cada uma de nós escreve o sentido que ela dá a este verbo.
Para aprofundarmos, ouvimos o texto do Êxodo 1, 15-22 onde várias mulheres, cada uma do seu jeito, têm o mesmo objetivo: DEFENDER A VIDA. Pudemos constatar a criatividade, o dinamismo, a paixão, o cuidado com a vida.
Com este texto lembramo-nos de algumas experiências em que defendemos a vida, aquelas nas quais não fomos corajosas nem criativas para fazê-lo e chegamos a ter algumas pistas para concretizá-la. Concluindo : Obedecer é DEFENDER A VIDA.

Maria José partilhou conosco três aspectos antropológicos da obediência :
 Necessidade de nos construir como pessoas
 Crescer em liberdade e autonomia
 Como lidar com o poder: usar o poder do AMOR
 Necessidade de participar, de integrar um projeto comum em corresponsabilidade.
Pobreza, viver aquilo que contemplamos
• Pobres, sempre tereis.
• …ele tirou o  manto, pegou uma toalha  …
Fazer votos, seguir Jesus, implica renúncia. O modo de viver a pobreza está relacionado com a maneira de olhar, de contemplar a realidade.
Como contemplamos?
Jesus olhou e como Ele nós devemos olhar também com compaixão e ternura.
Compaixão:  Abraça os sentimentos e situações do outro até as entranhas.
Ternura: tem a ver com acariciar, ela cura, liberta, é a mão revestida de paciência que toca sem machucar.
« A opção pelos pobres é um desafio para a Vida Consagrada. Para viver esta opção precisamos nos encontrar com a pessoa de Jesus, que nos coloca lá onde está seu coração e seu coração está com os pobres».

Castidade
Tocar o Verbo da Vida
• A casa se enchia de perfume
• Se eu não te lavar os pés...
• Somos chamados a viver no AMOR e para AMAR os outros. Nossa vocação é amar. Para isto é importante recriar nossa capacidade de ternura e nosso modo de relacionar-nos. Enfim, AMAR COM O CORAÇÃO DE JESUS.
Terminamos este voto com uma reflexão de Antonieta Potente.
“Quando assumimos o voto de castidade na Vida Consagrada, professamos simplesmente, que nós queremos, por toda nossa vida, aprender a amar».
Agradecemos a Maria José por sua  partilha, provocando em nós o desejo de continuar aprofundando.
Ela nos deixa estas palavras: «Somente viveremos em profundidade nosso dom, se formos mulheres profundas com uma liberdade interior vivendo com intensidade cada momento».

Visita - Assis
Dia 2 de agosto, fomos visitar a cidade de Assis. Chegando lá, fomos em primeiro lugar a basílica de Santa Maria dos Anjos. Este dia era uma das celebrações do Tríduo do perdão, missas celebradas de hora em hora. Havia peregrinos de todas as idades, sobretudo grupos de jovens. Vimos a Porciúncula onde Francisco ouviu o chamado do Senhor, justamente no lugar onde está construída a basílica.
A outra etapa de nosso enriquecimento espiritual, aconteceu na basílica Santa Clara, onde passamos na frente do seu túmulo. Um lugar que inspira união com Deus. Muitos fiéis, num espírito de recolhimento passam pedindo pelas suas necessidades.
« Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz... »
São Francisco um homem de paz, é esta mesma paz que se sente em todos os lugares... na basílica, no seu túmulo, na cripta...
Assis é um porto seguro de paz que acolhe fiéis de diferentes nacionalidades. Que esta paz que pedimos a Francisco, se espalhe em todos os recantos do mundo, nas famílias, nas comunidades e nos nossos corações. Que sejamos nós mesmas mulheres de PAZ por onde passarmos.

Visita a Roma
No dia 3 de manhã, dedicamos para visitar alguns lugares signidicativos de Roma: a Fontana di Trevi, o Pantheon, a Igreja de Saint Louis des Français com os quadros famosos de Caravaggio sobre a chamada de São Mateus, a Basílica de Santa Maria sopra Minerva que guarda o corpo de Santa Catarina de Sena, Piazza Navona com suas fontes e a Basílica de Santa Inês. Ficamos encantadas diante de tanta beleza!

Ao finalizarmos este TEMPO FORTE E MARCANTE EM NOSSAS VIDAS, queremos agradecer a DEUS todas as graças recebidas, que Ele nos dê a força de concretizarmos em nosso cotidiano tudo o que pudemos aprender e vivenciamos neste tempo de GRAÇAS.

Às Irmãs que se fizeram companheiras de caminhada Lucia e Susana, em especial NÚRIA E MONTSERRAT que nos acompanharam durante todo este tempo de reciclagem nossa eterna GRATIDÃO. Obrigada pela paciência e o Cuidado de acompanhar cada uma em seu processo pessoal. Que Deus as ilumine sempre e as recompense por tudo.

E a todas as Irmãs que se empenharam na acolhida e organização com dedicação sem medida, contem sempre com nossas orações e carinho.

Às comunidades, províncias e Irmãs que nos acompanharam, rezaram por nós e àquelas que se fizeram presentes através de cartas e presentes, nosso muito OBRIGADA. Nos sentimos família Azul.

Irmãs do RECICLAGEM 2012