Missão itinerante das “Irmãs azuis”
Ilha da Tartaruga – Haiti
Enquanto em Castres, nossas Irmãs Capitulares compartilham sobre o chamado de Deus: formação, missão itinerante, animação... Eis-nos em plena atividade!Uma agradável e profunda descoberta do Povo Haitiano no Haiti. A Comunidade das Irmãs, todas brasileiras, Rosa, Antonia e Izabete, nos dias 22 a 28 de abril de 2013 fomos até a Ilha da Tartaruga, ao Norte do Haiti, passando pela cidade de Porto da Paz – distante seis horas de Porto Príncipe.
Irmão Antonio, que nos convidou, pediu-nos ajuda para reiniciar o Centro Social das Mulheres. Com efeito, queríamos ajudar as mulheres a comprometerem-se para encontrar um meio de sobrevivência no trabalho social. Desencorajadas, abandonaram o seu compromisso deixando desocupada uma bela estrutura construída para elas. Irmão Antonio, (Missionário Espanhol no Haiti), vendo o trabalho das Irmãs Azuis em CAZEAU, acredita que elas poderiam com eles, encontrar uma forma de colaboração.
Aceitamos o compromisso, felizes de descobrir uma nova realidade. Ao longo do caminho, vimos grandes plantações de milho, bananas, arroz e colhedores de amostras que é a alimentação básica da Região do Grande Norte. As estradas necessitam de manutenção até GONAÏVE: Vila da Independência. Em seguida, caminho de terra. Anoitecia quando avistamos à nossa frente um rio e água corrente devido a forte chuva do dia anterior. Era necessário atravessar o rio. Os carros esperavam que a água baixasse... Nosso motorista se aventura passando enquanto Izabete rezava a São José. Em Porto da Paz, fomos gentilmente acolhidas pelos irmãos das Escolas Cristãs com quem colaboramos.
Regressamos no dia seguinte, após uma tranquila travessia da Ilha de 40 mil habitantes. Paisagens de rara beleza! As crianças percorrem quilometros subindo a montanha para chegar à Escola. A simplicidade e a alegria de viver transparece no olhar das pessoas, muito acolhedoras. Vimos como eles preparam Kasav - alimento preparado à base de farinha de mandioca - como grandes crepes, cortados e consumidos com a pasta de raízes de plantas (Mambá).
Para eles a maior dificuldade é a água e as estradas que são intrasitáveis. De fato, na Ilha, existe apenas uma dezena de carros, muitas bicicletas e um pequeno cavalo que transporta carrega as mercadorias vindas do Porto. Vimos homens suados carregando um saco de cimento na cabeça. Que força de vontade em superar os obstáculos da estrada! Grande número de pessoaspreferem caminhar, felizes ao nosso lado. Temos realizado belos encontros com estas pessoas, através destas entrevistas.
Certanoite, fomos com Antonio e seus filhos buscar água na fonte. Uma hora de caminhada entre as pedras, plantas naturais e bananeiras que crescem maravilhosamente. Cada criança levava um balde ou um recipiente para levar água necessária para o dia. Existem apenas duas fontes para todos os moradores da Ilha. A maioria vive da água recolhida da chuva. As crianças voltam tranquilamente com o balde na cabeça. Uma Irmãs, querendo ajudar a criança, carregando seu balde, após quinze minutos mostrava-se cansada, devido a dificuldade da subida.
Com as mulheres, Antonia demonstrou confiança em busca de colaboração. Partilhou seus conhecimentos no bordado artístico e o caminho que ela encontrou na Europa para vender seu trabalho. Rosa tem ajudado no atendimento atenta às necessidades das mulheres com muito interesse para cada uma. Sabe descobrir as crianças em situações de sofrimento, para ajudá-los a recuperar o sorriso. Uma menina, foi demitida da escola, porque não podia terminar o pagamento do curso anual. Rosa sensibilizada resolveu caminhar dois quilômetros com ela para visitar e conhecer a realidade de sua família. Graças à contribuição de um benfeitor, Rosa dá 500 goudes para sua mãe e no dia seguinte, pode retornar à Escola.
Por outro lado, Izabete, intervem atualizando as as Forças Vitais, abordando Formação Humana Integral. Rapidamente, percebe o otivo do desânimo das Mães. Os desafios eram grandes demais para eles e sem os meios para realizar seu fim. Ajuda-os a melhor representar-se no que é importante para ela. Escolher somente uma atividade tem sido fundamental. Para fazer isso, eles devem renunciar à vontade de fazer tudo e procurar um trabalho que possa ajudar a família autofinanceiramente. Daí surge a Oficina do Bordado. Visualizando melhor, com o recurso dos tecidos e o fio Antonia tinha trazido, iniciam o trabalho com uma pequena toalha para fazer l´urlée. Acreditamos também que situar-se no tempo e na oportunidade de vender o produto possam ter o dinheiro suficiente para as suas necessidades deu-lhes uma visão concreta do Projeto da Ação Social trazendo esperança para as mulheres! O interesse pela sua pessoa e àquilo que já produziram, permitiu-nos criar um laço de confiança para exercer, sob o olhar atento de Irmã Zita que acompanhará o dia o dia.
O que dizer do nosso retorno? Que viagem inesquecível! O vento soprava forte e o mar agitado. O "bom vento" dirigia o barco que avançava rapidamente. A seguir o vento quase virou o barco e sentimos medo. Izabete, eu pensei que o fim se aproximava, quando ela vê a água entrando no barco. Respirações profundas, tensões e descontrações, ajudaram a tomar a decisão de livrar-se de sua bolsa para sentir o corpo leve e boiar em caso de acidente. Antonia chamava por Jesus para acordar, porque estávamos em perigo! Finalmente, a escolha de acreditar em Deus e nos haitianos que nós conduziam trouxeram-nos a paz. Perigo e bom vento vão juntos! Eram oito homens que gritavam procurando equilibrar o barco pela posição da vela e o peso com barras de ferro. Todas venceram o medo e não sentimos raiva ao chegar porque o perigo era real.
Após 45 minutos, estávamos em Porto Príncipe. Ao descer do barco, Antonia não conseguia caminhar, tal era o medo e susto que sentiu e o barco não estava tão perto. Um grande Senhor Haitiano, vendo-a de pé sem ação, vem por trás e carregando-a em seu braço num lance salta com ela para fora. Rimos muito! Deus nos toma entre seus braços!
Antes de retornar a Porto Príncipe, visitamos o Orfanato e a Escola Lassaliana e também a Família Myriama. Uma visita para cumprimentar o bispo e conhecer a Catedral, em moto-táxi sempre acompanhadas pelo Irmão Antonio que estava organizando a missão. Uma experiência agradável com a Comunidade Formadora dos Irmãos. Partilhamos a refeição e a oração. Conhecer as raízes culturai e as necessidades as necessidades desta região é importante para a nossa missão. Mais uma vez, percebemos a urgência de formar “Socorristas da Paz”, através de um desenvolvimento social durável!
Por Izabete Dal Farra, cic
Porto Príncipa, 09/05/2013